quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Nosso Carnaval

No Brejeiro a Vivian encontrou a Mariana do mestrado e foram juntas, no meio da multidão, cantando alalaô! Depois esbarrou na Juliana e no Chico, que reencontrou depois, e ouviu piadas malévolas e politicamente incorretas. Reencontrou o Daniel e a Anne e atualizou sua vida em poucos minutos. Mas a cerveja acabou e todos meteram o pau no Eduardo Paes e em seu fascista choque de ordem e voltaram pra casa, ela trocando as pernas.
No dia seguinte, foi parar no Sassaricando, na Glória, onde conheceu um-dois-três-quatro-cinco-seis-sete-quantos-mesmo? paulistas. Johandson apertava um, Salvador puxava o bonde, mas era expert em sumiços e reaparições instantâneas. Um dos paulistas tinha um olho que crescia a cada bloco de carnaval e resolveram denominá-lo Terçol, pois era mais fácil assim. A Márcia Vitari também apareceu e se juntou ao grupo. Antes que o calor e o sol esturricassem os moles miolos da trôpega trupe, foram à Lapa, que era ali ao lado, e discutiram sotaques e bairros e zonas sul-leste-oeste de São Paulo e do Rio. Havia ainda os pênaltis do Vasco e Fluminense, que todos torceram como se fossem vascaínos roxos - os vascaínos e os conrintianos. Dali combinaram a noite, cada um foi prum lado, tomou banho, voltou e se acabaram no set do Maurício, onde ninguém teve teto preto. Terçol ficou de cueca na beira da pista, a Luísa dançou rock e ficou com saudades de Oxford, o Maurício tinha os olhos murchos pois faltava alguém essencial, o Ribas quase caiu no chão e entrou no banheiro das mulheres e tudo acabou bem depois.
No domingo a Vivian estava de noiva 7h30 da manhã com a Carolina e Giselle enfrentando o sol no Boitatá, o Gota apareceu ao seu lado, porque o Gota sempre aparece, mas a noiva do Kill Bill teve piriri e nenhum banheiro químico tinha espaço para a sua alergia. Voltaram pra casa, Vivian dormiu a tarde toda, foi parar no Bloco Cru, onde por acaso encontrou novamente o Salvador e a turma de paulistas e ainda novos paulistas. Havia um furão também, chamado Benjamin, porque só lê Walter Benjamin. Do Bloco Cru foi parar no Bip Bip, sambinha pacato, onde encontrou a Luísa, a Carolina, a Dani e o Johandson e todos ficaram amigos, mas a Dani foi embora logo, porque tinha que guardar mil coisas na geladeira e também tinha os olhos tristonhos.
Segunda-feira era dia de morrer esturricado no bairro dos atores-poetas: Santa Teresa e os mambos do Songoro Cosongo, mas a Vivian não agüenta Santa Teresa por muito tempo e arrastou todo mundo de lá. À noite, no Rancho Flor do Sereno, até o Guilherme Preger e a Ula apareceram, e diz o Ribas que viu a Deborah, mas ninguém mais viu. Fizeram uma quadrilha, todos eles e mais os desconhecidos ao redor, cantaram Guantanamera em altíssimos brados com estranhos de Copacabana umas trezentas e vinte e cinco vezes e partiram pro Pavão Azul, que topou fazer mais cinco pastéis para o Carlos e seu furão, que vieram de São Paulo es-pe-ci-al-men-te para prová-los.
No dia seguinte, todos se encontraram no metrô da Cinelândia para a Orquestra Voadora. Ninguém foi capaz de voar, mas a orquestra e o céu azul, além do calor de oitenta e oito graus e mais a ausência de vendedores de cerveja fizeram com que todos quase alucinassem. Dali, o Salvador (que não é Salvador Dalí) puxou o bonde pra Copacabana, apareceu o Marcelo, todos cantaram sambas e dances e funks e marchinhas na beira da praia. É preciso dizer que o Salvador era o mais animado de todos, tanto que arrastou os que sobraram para seu jogo transcendental onde você é o vento e semeia as cores. Nesse jogo, a Vivian e a Carolina viram Deus, cada uma a seu modo, e cada uma com uma concepção diferente de Deus, mesmo sem acreditar que ele exista, mas viram, alguma coisa elas viram, e a primeira prendeu o choro, mas a segunda chorou desbragadamente, deram-se as mãos, puxaram a Luísa, tentaram enrolar o motorista de táxi e foram embora.
E tudo se acabou na quarta-feira!
(E se tudo isso servir para o Pitel, o Terçol, o Carlos, a Maricota, o Cadu entrarem no facebook, e para o Estêvão, a Ju e a Dani paulista bolarem um tour maravilhoso por São Paulo pra toda essa destrambelhada trupe carioca, tudo vai ter valido mais ainda a pena!)