sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quanto ao ofício da vida, o que dizer?

Ando questionando o ofício, qualquer que seja, porque não perco essa mania do ponto de interrogação.

(Se cada frase na minha cabeça mudasse a pontuação, a vida teria mais claridades. Claridades como Clara Nunes e Clarice Lispector e clara de ovo com sal. Mas no final de cada frase na minha cabeça, constante mesmo é a interrogação, antes intercalada com dez exclamações. Ou grito ou pergunto. Preciso aprender a sussurrar...)

Ando questionando o ofício, uns ofícios, tais ou quais ofícios, ofícios quaisquer e quantos. O do médico, o do psicanalista, o do engenheiro, o do gatinho doméstico com ração à espera. O ofício de ser gato não é lá dos mais difíceis, mas só sendo gato pra saber. Ando questionando o ofício de escrever, de desenhar, de pintar, de datilografar, de costurar uma blusa. E o ofício de viver é aquele maior, de onde resultam todos os outros. Sendo que também é a fonte de todas as questões, enquanto no final de cada frase minha vier o ponto de interrogação mais redondinho do que nunca.

(Se cada frase minha fosse escrita em letras menores do que as minúsculas e privilegiassem as reticências, mas as reticências brandas, não as reticências duvidosas e angustiantes, minha vida teria mais claridades...)

O que dizer do porquê da vida? Há muitos ofícios e muitas pontuações. E quanto a este, que comentários posso ter e que frases posso formular? Com que pontuação no final de tudo?

3 comentários:

gio disse...

antes de tudo _ obrigada pela visita, que bom que gostou do mundinho :) apareça sempre que quiser!

agora, uma coisa _ gostei daqui também.. começo a sentir uma certa identificação..

e mais outra coisa _ eu sempre me questiono. muito. sempre. sobre tudo. sobre todos. talvez eu também sofra um pouco com tantos pontos de interrogação. não tenho certeza disso, às vezes tantas interrogações são melhores do que muitos pontos finais. quanto ao ofício.. bem, eu ando em crise com o meu. crise grande. mas isso é uma looonga estória.. um dia te conto ;)

abraço e até!

Marília Valengo disse...

bom, gazear significa matar aula. :)

quanto à questão de pontuação...coisa difícil é sair por aí vivendo como se escreve. para mim é sempre muito mais difícil fazer um ponto final. determinado. ou até mesmo exclamativo. você não está sozinha. :) os ofícios sempre serÃo mais complicados sendo ofícios do que quando forem apenas.
beijoca!!!

cris disse...

Nunca me acostumei com ofícios com muitos (.:), sou mais de (?;,...) Ofício é uma questão que me persegue pois até hoje nunca consegui me “oficializar”. Por isso é que deixo com vc a questão dos ofícios, muito difícil para mim.
Já a pontuação....não acho que deve ser tão angustiante assim.
Minha vida tem pontuação maluca, tudo é possível, uma vírgula era um ponto, eu é que não tinha percebido. E até perceber isso muito tempo passa. Por isso é que acaba que a gente deve pontuar como na hora nos sugere nossa cabeça meio maluca ( angustia-se muito depois é que não, só o necessário para não passar mais tempo ainda numa mesma frase).
Prefiro ver a pontuação como um recurso que deixa a vida menos igual, mais charmosa, alvissareira(!?) Já pensou que chatice se as frases não tivessem a chance de ter uma virgula e a gente não poder dizer como o Caetano aquele clássico dele : “ou não”.