sexta-feira, 21 de agosto de 2009

apatia

Se Eliana soubesse o que aconteceria, ela saberia exatamente que caminho tomar. Não entendiam os deuses que ela não queria errar? E o destino, não entendia ele que ela queria achar seu trilho, sem tropeços? Ela queria dizer a todos os que assistiam sua jornada que o que ela queria era não errar e viver a vida sem fazer mal a si mesma e aos outros. Nisso ela era quase cristã. Não tinha medo de pecar, não acreditava em diabo, mas tinha fé de que o sofrimento pode matar, nisso ela acreditava piamente, então o que ela queria era viver a vida pegando os atalhos mais próximos, correndo dos vendavais, contornando becos escuros, evitando amigos desleais. Ela queria evitar a fadiga, era partidária da filosofia do carteiro Jaiminho do Chaves. E por causa de não querer errar a porta, equivocar-se na marcha, atropelar-se no afã de cumprir com os prazos e horários que a vida lhe impunha, ela acabava que não fazia nada, não cumpria prazo algum, não entrava por porta alguma, quase que cruzava os braços presa em suas reflexões que nada produziam. Mas ela não deixava de fazer as coisas por preguiça ou má vontade, ela só não queria errar, o motivo da apatia era o receio de colocar tudo a perder. Afinal, se fizesse alguma coisa, se se deixasse levar por alguma opção mal avaliada, que raios de tormentos poderiam lhe alcançar? Ela não queria errar, não entendiam os deuses esse simples desejo?

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