sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sem início, meio e fim

Eu o encontrei na rua e lá se iam dez anos.
(Recomece, recomece... dez anos é muito redondo. Quem vai acreditar?)
Eu o encontrei na rua e lá se iam oito anos, dois meses e dezoito dias.
(Recomece, por favor! Quem acredita que o personagem, qualquer que seja, pode saber exatamente dias e horas que separam o presente de um último encontro? Recomece!)
Eu o encontrei na rua e lá se iam... lá se iam... oito anos, mais ou menos, que não nos víamos.
(Continue e vamos ver se é capaz. Mas não hesite tanto.)
E ele não me reconheceu, prontamente. Era um dia chuvoso e cada guarda-chuva que passava, apressado, era um obstáculo entre nós.
(Continue, vejo que está se esforçando...)

Eu o encontrei na rua e lá se iam oito anos, mais ou menos, que não nos víamos. E ele não me reconheceu prontamente. Era um dia chuvoso e cada guarda-chuva que passava, apressado, era um obstáculo entre nós. Acenei e gritei seu nome e, até que dissesse 'Virgínia!' com aquele tom de quem encontra uma agulha no palheiro, ainda pude notar seu olhar de dúvida esquadrinhando meu rosto. Nos abraçamos, depois de ele enfim lembrar meu nome. Assim mandava a velha etiqueta entre nós, aquela dos toques calorosos e amigáveis. Então ele perguntou, porque era o mais fácil, porque era o imediato, porque era o de sempre, porque era universal: E aí, me conta, o que tem feito?

(E o que tem feito a Virgínia? Essa sua personagem que se espanta com o que quer que seja, o que ela tem feito? Continue o texto!)

Nada. Virgínia não tem feito nada de que se possa falar num esbarrão após oito anos.

(Recomece!!!!! Recomece!!!!! Escreva outra coisa!!!).

Fim.

Um comentário:

roberto alencar disse...

ESCREVENTE

o eu
da imaginação
dos mundos interiores
dos textos que escrevo
nem sempre é meu eu
certamente
ego de alguma personalidade
que vai por aí
subjetiva da sociedade
construída a partir de uma dor
ou sabor
singularidade imaginária
e sonhos