segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

a lista de 2015


eu queria fazer uma lista, qualquer lista, que fosse dos dez melhores livros deste ano, mas não li dez livros inteiros e, se os li, seriam todos juntos os melhores, então talvez as dez melhores peças, quem sabe os dez melhores filmes, os dez melhores encontros ou os dez melhores reencontros de 2015, ou então as dez melhores notícias ou, por que não?, as dez melhores piadas. as dez melhores tardes de sábado, e dessas haveria muitas, ou quem sabe as dez perguntas que ficaram sem resposta. poderia ser uma lista das dez noites menos angustiantes ou os dez contos que eu gostaria de ter escrito. poderia ser uma lista das dez brigas mais contundentes, ou das dez discussões de ideias mais proveitosas. quem sabe os dez posts que mais me marcaram? os dez dias mais longos, as dez sextas-feiras mais empolgantes, as dez manhãs mais insuportáveis, quem sabe os dez momentos mais intrigantes vividos em 2015. eu queria fazer uma lista que condensasse o ano de coisas boas e inteligíveis, ou de coisas marcantes e incompreensíveis, uma lista que o resumisse pra mim de forma precisa, uma lista que tivessse a pretensão de me dizer o que sou, quem sou, quem não posso deixar de ser, uma lista que me definisse em 2015, e de forma clara, dicção perfeita, caligrafia irretocável. mas não dá, não consigo uma lista homogênea. fiz então uma lista que incluíam 15 coisas quaisquer, as 15 melhores quaisquer coisas de 2015, e entre elas havia filmes, peças, momentos, lançamentos, encontros, viagens, mas não seria justa, alguém ficaria de fora e eu me ressentiria com meu próprio esquecimento. se garimpasse na memória com rigor, talvez em outro momento encontrasse 15 outras quaisquer coisas. não, não há como condensar, então apaguei a lista e vou tomar um café. nada melhor do que tomar um café quando nos encontramos em um impasse irrisório, besta, desimportante.

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