segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

manejos sutis de mínimos brilhos

e é uma pena que as pessoas não percebam os manejos sutis (de mínimos brilhos) dos processos de privatização que assolam todos os âmbitos dessa nossa vida coletiva. não percebem que as Organizações Sociais (vulgo OS) e as terceirizações no serviço público são maneiras de privatizá-lo que avançam pelas beiradas, pelas bordas, pelos cantos, como quem não quer queimar a língua ao comer o mingau da tarde, e é sempre assim como quem não quer nada, e com os piores dos argumentos, sobretudo aqueles que usam a população. e a população - eu, tu, ele, nós, vós, eles - reforça inocentemente toda essa prática sonsa dizendo que a UPA de perto de casa sempre funcionou muito bem e não tem do que se queixar ou de que a Clínica da Família está funcionando. não sabem da rotatividade de funcionários porque, mesmo ganhando mais, é uma merda trabalhar pelos contratos das OS que administram as contratações dessas clínicas. a saúde do trabalhador que tem contrato nesses cantos vai pro brejo e ninguém vê. e é um pena que no serviço público, mesmo sem privatização direta e voraz, é definitivamente uma pena que as pessoas cada vez mais se comportem com a lógica das empresas, porque têm medo de falar e porque são manipuladas. o medo é tão explícito que dói nos olhos de quem vê. minha vista fica cansada antes dos quarenta. e as pessoas, muitas, muitas, muitas, não entendem que a estabilidade de um servidor público serve para evitar perseguições e a perseguição se faz por qualquer razão e acontece. é uma pena que ainda haja quem defenda qualquer tipo de serviço privatizado ou os cegos e surdos (quem dera fossem mudos) que nada enxergam, e é exatamente por isso tudo que fiquei tão feliz com essa notícia de que a UFRJ está montando grupos de trabalho para discutir a tragédia de Mariana e adjacências, isto é: a tragédia do Brasil. é a universidade pública, não privatizada mas com processos sorrateiros de privatização através de terceirizações impublicáveis, é exatamente ela que está tentando discutir a tragédia do Brasil

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