sábado, 12 de dezembro de 2009

era melhor

Era melhor não conhecer as pessoas, não falar com elas, era melhor não saber de suas existências e suas vidas e suas idéias. Era melhor ficar fechada num quarto, não sair e apenas respirar, respirar. Era melhor não se envolver, não esperar uma coisa e ter outra, não achar que aquilo que se vê é aquilo que é. Aquilo que se vê talvez não seja aquilo que é. Aquilo que se é talvez não seja absolutamente nada.

Era melhor então pegar uma poesia de Fernando Pessoa e lê-la em voz alta e depois um parágrafo da Clarice Lispector e lê-lo chorando e depois um página inteira do Jonathan Safran Foer e gritar. Era melhor apenas ler. Era melhor apenas ver um filme e depois outro e depois outro. E colocar uma música clássica, quem sabe o Adágio de Albinoni, e se deixar levar por notas, acordes, harmonias, mas sem ver ninguém. E respirar depois. E se deitar. E não sair mais de casa, não encontrar as pessoas nas ruas laterais, nas filas de cinemas, nos congressos universitários, nos sinais de trânsito. E não saber o que te faz sofrer, e te faz sofrer muita coisa que está do lado de fora da porta da rua.

3 comentários:

Cyndy disse...

PQP. Verdade verdadeira.

danielle schlossarek disse...

Jonathan Safran Foer é a melhor opção para quando se quer fugir do mundo. Pra depois, retornar, devagarinho, se enternecendo com aqueles personagens doces, tão reais.

Anônimo disse...

Que interessante.