quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pra não esquecer como se escreve

- Fica-se um tempão parado em frente ao computador, com as mãos sobre os teclados, os dedos sobre as teclas e, se monitor fosse espelho, aquela que ali estava deparar-se-ia, fatalmente, com um olhar sem vida (ou seria perplexo?) de quem desaprendeu alguma coisa por momentos. Apenas momentos. Que dariam lugar a outros momentos, e que ela não sabia muito bem quando viriam. Mas, ao menos, naqueles momentos em que as mãos sobre o teclado e os dedos sobre as teclas nada faziam de produtivo, ela relembrava que havia um modo de operar nela mesma que dizia respeito àquela posição: dedos, teclas, monitor, silêncio na casa.

- Esquecida de si mesma, ela só sabe agora viver os encontros voláteis, as circunstâncias sem continuidade, os elos perdidos, desfeitos, frágeis. Ela não sabe mais construir uma frase que preste.

- Nada acontece. Apenas a constatação de que o momento é outro. Mas ontem ela teve uma conversa sobre o que é mais importante em um texto (e conversar sobre isso talvez seja quase como escrever um texto): a trama ou as idéias; a forma ou o conteúdo. E ela, apesar de não saber mais como se escreve, continua achando o que achava antes. O mais importante, num texto, é...