sexta-feira, 28 de agosto de 2015

BR-TRANS: peça sobre histórias de exclusão e violência no universo de travestis, transexuais e artistas transformistas


O clima de BR-TRANS é inicialmente convidativo e empolgante: o público vai entrando e se acomodando em seus lugares enquanto uma música dançante e original, que é tocada pelo músico Rodrigo Apolinário, que acompanha o espetáculo do início ao fim, embala a recepção da plateia, enquanto o ator Silvero Pereira, vestido como a primeira personagem da peça, Gisele, no centro do palco, movimenta seu corpo ritmicamente, de modo discreto, observando a entrada de todos com um sorriso simpático e comedido no rosto. Impossível não simpatizar com ele de cara, que posicionado no centro mas com gestual ainda sutil, apesar de trajar um vestido vermelho brilhante, já irradia seu carisma sem dizer uma palavra, apenas pelo olhar, pela postura. Há um magnetismo em sua presença e ele ainda não começou a mostrar tudo o que tem a dizer ao respeitável público.
Quando todos estão acomodados, Silvero apresenta-se e inicia o relato de uma série de fragmentos de vidas reais, movimentando-se pelo palco e intercalando sua dramaturgia com imagens que são projetadas na parede. Se o início é empolgante e alegre, a peça irá tratar, com sensibilidade e intensidade, de histórias e temáticas duras, carregadas de sofrimento e dor, violência e discriminação.
Há o momento em que fotos de travestis e transexuais assassinadas brutalmente em variadas cidades do país são então projetadas para a ciência da plateia, ao mesmo tempo em que são contabilizadas em termos numéricos. Desse modo, BR-TRANS é, em primeiro lugar, um espetáculo-denúncia, que, ao mesmo tempo, consegue ser engraçado em alguns momentos, mas acima de tudo se propõe a dar visibilidade àquilo que fica à margem de uma sociedade que por vezes se diz moderna e liberal.
Moderna, liberal? Mas onde estão as travestis ou transexuais no mercado de trabalho formal, onde estão que não seja em trabalhos de risco, ocupações que não são sequer consideradas como tal, desprezadas ou temidas pela população em geral, evitadas a qualquer custo? Onde estão que não as vejo, não os vejo, como médicos, professores, atendentes de banco, vendedoras ou gerentes de lojas, recepcionistas, tradutoras, jornalistas, engenheiros, advogadas, arquitetas, pedagogas, onde estão e como ganham a vida, por que caminhos transitam e a quem elas se dirigem? O que falam? Alguém as ouve? Alguém os ouve? Alguém as vê? Alguém os vê? Alguém as quer? É como diz uma das personagens vivida por Silvero Pereira: na escola e na faculdade, o que se aprendeu foi solidão, medo, ódio, exclusão, disciplinas que não estão na grade curricular oficial, mas que são obrigatórias, talvez as mais reais, as mais marcantes, talvez as únicas que não se pode esquecer.
BR-TRANS é fruto da pesquisa cênica desenvolvida através do Edital Interações Estéticas 2012 (FUNARTE/MINC), em residência no SOMOS Pontão de Cultura LGBT (POA/RS) e idealizada por Silvero Pereira. Tal pesquisa parte da perspectiva do teatro como instrumento de transformação social, sendo este o caráter da peça, que traz à baila o sofrimento vivido por seres humanos do universo de travestis, transexuais e artistas transformistas.
Seu sofrimento tem a ver com todos nós, porque todos nós somos a sociedade que abriga o barbarismo da intolerância concretizado em atos de violência extrema. A pesquisa também parte da ideia que concebe a Arte Transformista como sendo uma legítima linguagem cênica e manifestação própria da Cultura LGBT. Assim, Silvero Pereira, que é responsável ainda pela dramaturgia, pelo figurino, pela trilha sonora pesquisada e, em parceria com Marco Krug, pelo cenário, está incansável. E toda sua emoção no desenvolvimento do trabalho cênico pode ser sentida e admirada pela plateia. Ele trata de questões difíceis, de ódio, do horror de vidas invisíveis e mais matáveis do que outras, dentro de uma lógica perversa que deveria escandalizar muito mais as supostas pessoas de bem, ele o faz de modo brilhante e é dirigido por Jezebel De Carli, sendo acompanhado pelo músico Rodrigo Apolinário, responsável pelas músicas originais. Ao final, é ovacionado com justa razão.

Leia também em Revista Ambrosia.
Ficha Técnica
Direção: Jezebel De Carli
Dramaturgia: Silvero Pereira
Elenco: Silvero Pereira
Músico: Rodrigo Apolinário
Cenário: Rodrigo Shalako
Iluminação: Lucca Simas
Design: Sandro Ka
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Produção do grupo: Ana Luiza Bergman
Administração e Produção Rio de Janeiro: Quintal Produções
Direção Geral: Verônica Prates
Gestora de projetos: Maitê Medeiros
Produtor Executivo: Iuri Wander

olhos crispados

e essa mulher com olhos crispados latejando periculosidade pronta e cega que quer que tem que sabe na palma da mão da sua exclusiva mão todos eles tontos bambos zonzos gonzos (belos) no seu campo de visão e que a olham e nisso de olhar latejam vontade, eles que, também cegos, muito mais cegos, e vendo com uma acurácia medonha (belos), não percebem que não há ponto, não há nem mesmo um, que essa mulher com espertezas próprias, singulares gestos, répteis secos, línguas saburrosas, não há o mínimo ponto que ela dê sem nó.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

eu também

eu também, querido, um cansaço de todos esses debates que não levam a lugar nenhum um cansaço de todos esses eventos que não levam a epifania alguma um cansaço de toda a mesmice que se clama original um tédio um tédio um tédio de interagir, uma vontade de sombra recuo silêncio e descanso, uma agonia de ter de ouvir e de ter de olhar e quem sabe sorrir, um desgaste de piadas antigas notícias mofadas bolor na visão, um zumbido agreste também em mim uma ranhura exata promissora de rachaduras irreversíveis, um horror de agenda, um horror de listas, um aflição de excessos vazios, um tédio um tédio, eu também, querido, eu também.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Crítica teatral: Beija-me como nos livros


Beija-me como nos livros, 19ª peça da companhia Os Dezequilibrados, surpreende, e não é pouco. É o tipo de espetáculo que provoca reverberações, que evoca, no espectador, questionamentos,  memórias, e que parece se alojar na pele e nos hiatos entre os pensamentos que vêm depois, bem depois, de a peça terminar.
O espetáculo, que é resultado de uma pesquisa profunda sobre o amor, na qual a companhia se deteve por meses a fim de estudar autores, teóricos e pensamentos diversos sobre a temática, está em cartaz no CCBB, com temporada prevista em outros Estados do país. A peça é uma produção que comemora os dezoito anos da companhia e é a terceira de uma trilogia que começou com Amores, de Domingos de Oliveira, e teve ainda Fala comigo como a chuva e depois me deixe ouvir, de Tennessee Williams.
A direção e a dramaturgia, impecáveis, são de Ivan Sugahara, responsável também pela excelente trilha sonora, fundamental para sustentar o espetáculo que transita por épocas diferentes da cultura e períodos diversos das concepções de amor (do amor cortês ao amor romântico), além de criar um jogo de imaginação e identificação entre personagens leitores contemporâneos e clássicos da literatura mundial.
Há um jogo ininterrupto entre trilha sonora, linguagem, movimento e prosódia, além do vaivém do tempo psíquico e do tempo cronológico das vivências dos personagens. O dramaturgismo é de Juliana Pamplona, que, no texto sobre a peça, diz que o espetáculo abre mão da “linguagem previsível” e “desloca nossa atenção para outros modos de compreensão”, propondo “o desafio de apreender o que acontece em cena através de outras dinâmicas (…)”. De fato é o que acontece, como se a proposta da peça exigisse uma mudança de posição do espectador e o tirasse, assim, de certo conforto acomodado. A direção de movimento e a preparação corporal, igualmente fundamentais, também merecem destaque em letras vermelhas neón e estão a cargo de Duda Maia. A direção vocal e pesquisa fonética, de Ricardo Góes, são excelentes e têm uma função primordial: colocar em relevo a importância da sonoridade da fala na comunicação, como nos explica o texto da peça de Ivan Sugahara.
Mas, é bem verdade que não seria preciso lê-lo para captar a ideia que embasa a criação do “gromelô”, língua teatral própria do espetáculo. Se se vai de coração aberto e boa vontade, há no mínimo duas conclusões a que o espectador poderá chegar ao final de tudo: uma, mais superficial, é a de que, nas relações amorosas, há uma babel de línguas que muitas vezes auxiliam no entendimento (e que levam ao fim muitos relacionamentos genuinamente amorosos, seja lá qual for o significado de ‘genuinamente’); além disso, e talvez mais crucial do que a confusão de línguas, conclui-se também que o amor, com todas as nuances culturais, circunstanciais e de época que lhes são próprias, e ainda que construído historicamente, é universal. Trata-se, portanto, de uma linguagem que transcende peculiaridades culturais e é muito fácil de entender, ainda que inicialmente suscite algum estranhamento.
A vivência do amor, do relacionamento amoroso com suas agruras e expectativas, com projeções e idealizações, com esperas que não se resolvem, com frustrações, medos, desapontamentos, a vivência do amor, em seu bojo, é sempre passível de se expressar no grito, no gemido, na respiração que arfa, na bofetada, na ordem, na súplica, no olhar, no gozo, no silêncio. O amor é ritmo, tanto quanto a voz e o gesto. E é exatamente aí que tudo se encontra: se a prosódia e o gestual podem ser consideradas a alma do teatro, são também aquilo que dá consistência ao que se pode conceituar como amor. Nesse sentido, nada mais pertinente do que o gromelô que se deslinda durante a 1h30 do espetáculo sem cansar a plateia e surpreendendo do início ao fim.
É claro que não se pode deixar de dizer que não haveria peça, amor, gromelô, voz, palco e movimento se não fosse a não menos impecabilidade da interpretação de Ângela Câmara, Claudia Mele, José Karini e Julio Adrião, que também participam da criação dramatúrgica, junto com Lívia Paiva e Ivan Sugahara. Os quatro estão fantásticos, completamente imersos em seus papeis intercambiantes, transitando entre mensagens de celular ultracontemporâneas e frustrantes e danças clássicas que remontam a um passado que ainda vive na fantasia de cada um e na literatura. Não é fácil o trabalho que desenvolvem no palco, a ginástica coreográfica que dá vida à pesquisa realizada pela companhia desde setembro de 2014.
O resultado é excelente, a troca que se pode acompanhar no palco é também a troca que se encontra, novamente, no amor, aquela em que todos jogam juntos, em que os elementos são fundamentais para o resultado final.  Os atores em cena são a tradução que nos chega de um trabalho feito verdadeiramente em equipe, onde até podemos separar as funções de cada um, mas sabendo que sua execução exitosa não seria possível se a sustentação não fosse mútua, se não fosse o fruto de um empreendimento coletivo. Ivan Sugahara, Juliana Pamplona, Duda Maia, Ricardo Goés, Lívia Paiva, os quatro atores que acabo de citar e todo o corpo técnico do espetáculo têm contribuições que alcançam sucesso devido à parceria por trás de tudo.
Definitivamente, tudo está ótimo no espetáculo Beije-me como nos livros, que traz à baila mitos e clássicos como Tristão e Isolada, Os sofrimentos do Jovem Werther, Don Juan e Romeu e Julieta, personagens que se misturam aos atuais Ângela, Júlio, José e Claudia, que, não por acaso, são os nomes dos próprios atores. Portanto, a proposta de Beija-me como nos livros só parecerá sem sentido se se esperar uma linearidade engessada de início, meio e fim. Todavia, como a comunicação é mais truncada do que qualquer linearidade, e como o amor, seja em que época que se dê, não se cristaliza em redomas e definições, tudo ali tem sentido, tudo é fruto de trabalho, tudo é fluido como poesia.
Leia esta crítica também em Revista Ambrosia.
Ficha Técnica
Direção e Dramaturgia: Ivan Sugahara
Elenco: Ângela Câmara, Claudia Mele, José Karini e Julio Adrião
Assistência de Direção: Lívia Paiva
Direção e Movimento e Preparação Corporal: Duda Maia
Direção vocal e Pesquisa Fonética: Ricardo Góes
Dramaturgismo: Juliana Pamplona
Criação Dramatúrgica: Ângela Câmara, Claudia mele, Ivan Sugahara, José Karini, Julio Adrião e Lívia Paiva
Cenário: André Sanches
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Bruno Perlatto
Assistência de Figurino Victor Guedes
Trilha Sonora: Ivan Sugahara
Técnico de Luz: Leandro Barreto
Desenho de Som: Luciano Siqueira
Direção e Palco: Wallace Lima
Camareiros: Tamiris Coelho e Guilherme Miranda
Aderecista: Derô Martin
Alfaiate: Fábio Santos
Costureiras: Jane Moraes, Jane Travassos, Jorcileia Caetano e Sônia Maria
Bordadeira: Geilza Nascimento
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Assistência de Assessoria de Imprensa: Fernanda Miranda
Design Gráfico: Luciano Cian e Claudio Attademo
Fotografia: Dalton Valério
Marketing Digital: Qtal Design
Produção Audiovisual: Eduardo Chamon
Coordenação de Produção: Tárik Puggina
Direção de Produção: Carla Torrez Azevedo
Produção Executiva: Aline Mohamed e Marcelo Chaffim
Administração financeira Amanda Cesarina
Realização: Os Dezequilibrados e Nevaxca Produções

Crítica teatral: Queime Isso, de Lanford Wilson


Uma hora e quarenta minutos (talvez um pouquinho mais) de espetáculo pode ser um perigo para pessoas como eu (nem todo mundo tem essa questão com o tempo de uma peça ou de um filme, mas eu sim). Já vi filmes brilhantes que ficaram menos brilhantes porque poderiam ter meia-hora a menos de duração, e sempre falo isso quando me perguntam: o que achou de 2046, do Wong Kar-wai? Brilhante, mas com meia-hora a menos ficaria perfeito. E A Grande Beleza, do Paolo Sorrentino? Amei, mas se tivesse meia-hora a menos seria um dos oito melhores filmes da minha vida. Por outro lado, há aqueles filmes que com três horas de duração ou mais você não olha um minuto sequer para o relógio e ainda estranha quando termina, fica triste porque acabou. É o caso de Ben Hur, de A vida dos outros, de todos os três O Poderoso Chefão, da grande maioria dos filmes longos do Martin Scorsese.
No caso de uma peça de teatro, isso pode ser ainda mais perigoso, mas não é o que acontece com o ótimo Queime Isso, espetáculo que acaba de estrear no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Vi peças mais curtas que me fizeram bocejar trocentas vezes e cogitar sair do espetáculo, mas Queime Isso é como O Poderoso Chefão ou A Vida dos Outros, a fluidez do texto e a habilidade dos quatro atores em tornar os personagens cativantes e naturais fazem com que a atenção não se ausente nessa uma hora e quarenta minutos de duração da peça. Uma hora e quarenta minutos que parecem menos e que fazem com que você (eu!) saia querendo uma continuação, se pergunte sobre o que acontecerá com Burton, Anna, Larry, Jimmy, o que acontecerá com o apartamento onde as cenas se desenrolam? Sim, você sai querendo mais.
O texto é do dramaturgo americano Lanford Wilson, considerado um dos mais importantes do final do século 20, tradutor de diversas obras de Tchekov. A tradução para o português é de Ricardo Ventura e a direção é de Victor Garcia Peralta. Na atuação, Karine Carvalho, excelente do início ao fim, está quase o tempo inteiro no palco como Anna, vivendo o luto pela perda de um amigo querido com quem dividia o apartamento e com quem trabalhava; Celso Andre, como Burton, em crise criativa, tendo e não tendo ideias, acreditando e desacreditando de sua ficção; Alcemar Vieira como Larry (que conseguiu, na sessão em que vi, arrancar aplausos entusiasmados da plateia em dois momentos) e Tatsu Carvalho, ótimo como Jimmy Pale, o impagável e “truculento” (que não sabe o significado do adjetivo, mas que recebe a explicação de Larry, “pense que é como um caminhão) irmão do falecido.
Lanford Wilson foi vencedor do prêmio Pulitzer, entre outros, e o texto de Queime Isso gira em torno de encontros e desencontros entre os quatro personagens que enfrentam juntos a tragédia da morte de Robbie, cada uma à sua maneira, levantando questões existenciais. A perda do amigo leva a rumos diferentes e impensados na vida desses quatro personagens. O espetáculo tem momentos dramáticos e carregados de tensão, mas o fio condutor da encenação é de fato a leveza dos diálogos e da interação dos personagens, além da sagacidade de algumas fantásticas tiradas, as verdades cruas e irreverentes de Larry sobre a vida e as pessoas (“todas são assim, eu não inventei as pessoas!”), a humanidade bruta de Jimmy, a crise existencial do escritor Burton e a tentativa de reconstrução de si de Anna, cuja tragédia beira o devastador.
Mas o tempo, novamente o tempo, essa figura paradoxal que às vezes é um amigo que nos abraça, em muitas outras é um desafeto vingativo, o tempo é, enfim, o que pode transformar as relações entre os protagonistas e conferir ao trágico novas e inesperadas possibilidades. O tempo é o que permite o luto, a aceitação mútua, é o que destrói as resistências, é o que amadurece a criação artística.
Queime Isso fica em cartaz até o final de setembro, mas, como o tempo é subjetivo e relativo (e como talvez pode até ser que nem exista), é melhor correr para ver. Recomendo fortemente e aplaudo de pé.

Leia também em Revista Ambrosia.
Ficha Técnica:
Texto: “Queime isso” (Burn This), de Lanford Wilson
Direção: Vitor Garcia Peralta
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Tradução: Ricardo Ventura
Cenário: Miguel Pinto Guimarães
Figurinos: Alessandra Padilha
Iluminação: Felipe Lourenço
Design Gráfico: Ana Andreiolo
Trilha: Mauro Berman
Atores: Karine Carvalho, Tatsu Carvalho, Alcemar Vieira e Celso Andre
Produção: Tatsu Caravalho e Ana Beatriz Figueras
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

entendimento

eu vou ao médico pra tentar me entender. farei exames pra tentar me entender. medirei pressão pra tentar me entender. contarei leucócitos pra tentar me entender. seguirei à risca pra tentar entender.